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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Sentido da Vida

"O que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros."      Péricles

Muito tem se falado a respeito de qual seria o sentido de nossas vidas. Muitos dizem que só Deus o sabe. Do que não posso discordar, uma vez que, no meu ponto de vista, a Verdade é o que Deus sabe que é verdadeiro. Este nível de conhecimento da verdade, a verdade absoluta, não nos é disponível e, no meu entendimento, devemos nos contentar com o conhecimento de verdades objetivas, quando possível.

Em função disto, no caso do sentido da vida, aparenta-me que para tentar defini-lo havemos de levar em consideração o que seriam os atributos de Deus, o portador da verdade absoluta, e, com uma ideia mais fundamentada de qual seriam estes atributos, procurar ouvir a Razão e tentar deduzir o que poderia ser logicamente considerado o que Deus espera de nós.
Alguns podem estranhar que eu dê primazia e ouvidos à Razão e não aos nossos instintos ou sentimentos (normalmente dar ouvidos aos nossos instintos é chamado de “ser você mesmo” e ouvir os nossos sentimentos é denominado de “ouvir o seu coração”,  pomposas maneiras de fazer a apologia de ações irracionais, irrefletidas e egocêntricas, cujas consequências dificil
mente deixam de ser doloridas).

Entendo no entanto que, é tão evidente a igualdade entre o Certo e a Razão, que dizemos “você está certo” ou “você está com a razão” em idênticas condições e com idêntica intenção. Se, quando eu falo “você está certo”, eu produzo o mesmo efeito de quando eu falo “você está com a razão”, então, sendo os efeitos idênticos, as causas também são. Logo posso afirmar a identidade intrínseca entre os termos “certo” e “com a razão”, de modo que não tenho como considerar sensato fundamentar as minhas proposições e análises em qualquer outra coisa que não seja a Razão. Pois é o certo.

Desta maneira, se temos um ser que é o máximo, este ser há de ser o máximo em perfeição, e não em imperfeição. Ou não seria o máximo. De modo que podemos afirmar logicamente que o sentido da vida jamais poderá ser causar sofrimento aos demais seres vivos e principalmente aos demais seres humanos, pois o atributo supremo, a Ética o proíbe (não é o que gostaríamos que nos ocorresse).

O que poderia ser o sentido da vida pode ser considerado ainda incerto, pelo menos por enquanto mas, o que certamente não o é, podemos afirmar com certeza que sabemos. E sabemos que causar dor e sofrimento aos demais não pode ser jamais o sentido da vida.

Ele pode ser procurado na posição contrária, nas coisas que nos distanciam do que com certeza não é o sentido da vida. Então, se não fazemos mal, se não causamos sofrimento, já estaremos em uma situação melhor. Se, além de procurar não causar sofrimento, não fazemos o que não gostaríamos que nos fizessem, estaremos mais distantes do não-sentido e mais próximos do sentido da vida.

E se, além de procuramos não causar sofrimento e não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem, também passássemos a fazer as coisas e a tratar aos outros da maneira que gostamos ou que gostaríamos de ser tratados, estaríamos muito mais distantes ainda do não-sentido e, consequentemente, muito mais próximos do real sentido da vida. Se conseguirmos realmente tratar aos demais como se eles fossem nós mesmos, como se o outro fosse cada um de nós, acredito que estaríamos muito mais próximos ao que daria sentido à vida.

Tratar bem, no entanto, não quer dizer fazer todas as vontades, permitir todos os excessos, não impedir que faça besteiras, cometa erros ou viva uma vida fútil, vazia e voltada apenas para questões estéticas, de prazer (hedonistas), de mesmices e banalidades.

Os pais e mães de todo o Todo sabem isso muito bem. E muitas vezes temos de tomar medidas enérgicas para impedir a má formação de nossos filhos e as consequências desta má formação. E com eles somos enérgicos sem a menor preocupação com a popularidade das atitudes tomadas porque gostamos deles.

Apesar de gostarmos deles, nós os contrariamos sem a menor cerimônia, remorso ou sentimento de culpa. E ainda, em situações da vida em que já passamos a ter mais clareza a respeito da realidade e percebemos os erros que cometemos, muitas vezes reclamamos de pais, amigos e de outras pessoas: mas por que você me deixou fazer aquilo?

Então, pelo fato de gostarmos e de tratarmos os demais como se fôssemos todos o mesmo ser, o mesmo “eu”, não teremos portanto de simplesmente fazer as vontades dos outros indivíduos ou de não tomarmos as precauções necessárias quanto a pessoas às quais não conhecemos adequadamente.

E o que consideraríamos coisas boas ou coisas ruins? Podemos usar, para começar, o que gostaríamos ou não que nos fizessem como parâmetro. É claro que há diferenças imensas de gostos e de preferências devido a uma infinidade de fatores, mas podemos e vamos começar pelo que ninguém gostaria que lhes fizessem: ser roubado, ser morto, ser enganado, ser traído, ser entorpecido ou drogado (neste ponto há que se considerar o que a pessoa não quer enquanto lúcida e não dependente deste tipo de substância), ser ferido, ser destratado, ser humilhado, ser explorado, ser violentado.

Enfim, ninguém quer sofrer. Então não se faça nada desta lista e nem dos seus derivados e correlatos que certamente não seremos maus, não causaremos sofrimento à imensa maioria das pessoas. Haverão ainda algumas pessoas, poucas, mas haverão, que sofrerão por questões menores, ligadas a desejos e vaidades ligados às nossas ações. Há que se tentar ter sensibilidade e uma boa dose de paciência e de boa vontade para com elas.

Mas há limites, no entanto. Não podemos, não devemos e não vamos abdicar de viver nossa própria vida e de alguns princípios básicos devido a estas pessoas mais sensíveis ou intransigentes. Há que se pensar também, sem egoísmo ou egocentrismo, nos nossos anseios, em nossos princípios e no sofrimento que teríamos ou causaríamos a terceiros caso deixássemos de fazer certas coisas para tentar satisfazer a todos os anseios e vontades de algumas pessoas.

Não se pode agradar a todos. Nem Deus é considerado suficientemente bom por todos. Logo, não tentemos. Mesmo. Ou tentemos, se assim o desejarmos, mas entendamos que há, e usemos de, limites. Os quais podem, como tudo na vida, ter um pouco de flexibilidade em função de ocasião, situação ou circunstâncias diversas. Mas além de certo ponto, firmeza é fundamental.

E uma vez definido o que não devemos fazer, podemos tentar pensar no que devemos fazer. Ora, o que gostaríamos que nos fizessem ou como gostaríamos de ser tratados. Coloquemo-nos no lugar do outro e o tratemos olhando ou pensando nele como se estivéssemos olhando ou pensando em nós mesmos. Tratemo-lo como trataríamos a nós mesmos, em outras palavras.

Mas como o outro não é igual a cada um de nós (e nem nós o somos), pode ser que ele se torne um tanto abusado e passe a aproveitar da sua benevolência. Bem, sem ressentimentos. Entenda que há níveis de consciência dentro dele ainda não tão evoluídos que podem estar no comando, assim como nós temos também, porém já aprendemos a controlá-los melhor na maior parte do tempo e ele ainda não.

Ou seja, ele não é tão diferente assim de você (e de mim). Porém vai chegar lá, mais dia menos dia. Sem mágoa ou rancor, aprendamos a estabelecer limites também para o que fazer, assim como já tratamos antes dos limites para o que não fazer. E lembre-se, sem ressentimentos. Pois tudo o que fizermos a outro, estaremos na verdade fazendo a nós mesmos. E tudo o que o outro fizer conosco, estará na verdade fazendo com ele mesmo.

Um imenso perigo que pode resultar desta maneira de pensar, no entanto, é a acomodação e a subserviência, a apatia e a omissão. Pois quem não combate o mal ordena que ele se faça, como bem teria dito Leonardo da Vinci. E não é esta a ideia.

Se o outro mostra-se folgado, desrespeitoso, desonesto, cruel ou perverso, é um imenso erro não mover-se contra isto. Pois a impunidade incentiva a prática de atos inadequados e leva a pessoa a uma posição cada vez pior em termos éticos. E certamente não é isto o que gostaríamos que nos acontecesse, isto é, não gostaríamos de sermos deixados caminhando em direção à marginalidade, às trevas, ao abismo.

Podemos portanto parecer bonzinhos ao permitir que outros nos desrespeitem, mas estaremos sendo perversos, pois o outro seguirá errando cada vez mais. Desta maneira há que ser buscado o equilíbrio, de modo a produzir um conjunto de posturas, atitudes e ações que sejam de compreensão, tolerância, interesse, misericórdia, compaixão e espírito fraternal, sem deixarmos de ser firmes e sérios, sem abdicar de nossa individualidade e de nossos princípios. Sendo bons mas não bobos, sendo justos e não justiceiros ou injustiçados. Sem violência, mas sem tibieza.

A regra de ouro de tantas religiões e filosofias, que pede que tratemos ao próximo com a nós mesmos, resume magnificamente a questão. E o sentido da vida é procurar melhorar-nos de maneira a podermos seguir esta regra.

E realmente a seguirmos de fato, com pensamentos, intenções, planos e, principalmente, atitudes, atos, ações. Ou seja, deixarmos a eterna questão do ser ou ter para privilegiar o FAZER. E como é muito mais fácil dizer do que fazer isto, estou tentando transmitir e tornar pública uma maneira de irmos nos tornando aptos, capazes de irmos, aos poucos, alterando o nosso padrão mental para possibilitar também a alteração das atitudes.

E serão mudanças rápidas, de uma hora para outra, da noite para o dia? Provavelmente não, na maioria dos casos. Mas sem a mudança na atitude mental, sem a mudança nas intenções, sem a mudança dos desejos e das perspectivas será impossível, ou extremamente improvável, a alteração das atitudes, posturas e ações.

Como anteriormente escrevi, considero que um ser com supremos e elevados atributos certamente terá também supremos e elevados princípios éticos.  E o que um ser com estas características esperaria de todos os demais? No meu ponto de vista, que nós deveríamos ser o mais próximos dele, o quanto for-nos possível.

Ou seja, que tivéssemos as características éticas mais próximas possíveis das d’Ele, evidentemente dentro do que a nossa frágil e limitada natureza nos permite. E quais seriam estes atributos éticos? Seriam aqueles atributos que virtualmente todas as religiões e filosofias fornecem a Ele: compreensivo, bondoso, benevolente, tolerante, cuidadoso, paciente, zeloso, misericordioso, compassivo, caridoso, generoso, amoroso, clemente e Justo, dentre outros.

Desta maneira, entendo que o que Deus espera de nós seja que procuremos ser o mais parecidos que pudermos ser com Ele, ou seja, que tentemos ter os atributos que nós lhe conferimos, na medida de nossas limitações e possibilidades. Pois por limitados que sejamos em potência, extensão e inteligência, que seriam atributos “físicos”, não há uma limitação tão grande na parte ética, ou seja, ainda que sejamos muito pequenos diante de Deus, podemos procurar ir nos aprimorando eticamente de modo a não necessitarmos de mais aprendermos a lições que aqui viemos aprender.

Ignorar que nossa existência neste planeta é para que aprendamos a tratar bem aos outros é o nosso maior problema, talvez o único. Todos os males que nos afligem vem disto, como consequência direta e implacável de nossas ações (e omissões) equivocadas, tanto pelo desconhecimento quanto pela vã esperança de que poderemos subornar a Deus com presentes e com elogios à sua bondade e grandeza, enquanto continuamos a ser maus e pequenos, ou seja, não tratando aos demais como gostamos ou gostaríamos de ser tratados.

Eu realmente não consigo entender como é que algumas pessoas conseguem acreditar que estarão agradando a um Deus que eles consideram Bondoso sendo maus, Misericordioso sendo implacáveis, Compassivo sendo cruéis, Tolerante sendo intolerantes, Paciente sendo impacientes, Gentil sendo grosseiros, Zeloso sendo desinteressados, ou Amável sendo estúpidos.

E Inteligente, sendo burros o suficiente para acreditar que o ser mais poderoso de todos os universos precisa deles exatamente para fazer o serviço sujo, matando, roubando, explodindo, violentado, escravizando, oprimindo, desrespeitando e maltratando a todos os que não concordam com a sua interpretação pessoal da verdade, a qual efetivamente só Deus conhece.

Em vista do acima exposto, considero que a razão da nossa existência neste planeta e neste plano, ou o sentido e o propósito da vida, como dizem alguns, é:

Item 1 (fundamental e único) - Aprender a tratar bem aos outros seres humanos (e efetivamente fazê-lo). Complementarmente estender este tratamento aos demais seres. [fazer]Tratar bem aos outros é, na minha opinião, dar ao outro o mesmo respeito e o tratamento que exigimos ou gostamos para nós mesmos sem que o outro nos exija ou sequer nos peça, respeitando os limites de cada um.

Para tentar simplificar as coisas, podemos nos fazer algumas perguntas: como eu trataria meus filhos? Ou meus pais? Ou ainda, se eu visse alguém fazendo o que eu estou fazendo, o que eu acharia disto?

Ou então, se eu ou meus filhos ou meus pais e avós estivéssemos sendo tratados da maneira que eu estou tratando aos demais, eu consideraria que estaríamos sendo bem tratados?

As atitudes abaixo listadas complementam e auxiliam-nos a cumprir o objetivo-fim de nossa existência, acima descrito.

1a - Promover o bem comum e a justiça. [fazer]Para todos os propósitos práticos, penso que devemos cuidar dos nossos interesses e promover a justiça como se Deus não existisse, sabendo, no entanto, que Ele existe e que sua Justiça não falhará, o que acredito que será, na maioria dos casos, suficiente para manter as pessoas de boa vontade no caminho do bem e da virtude.

A busca e a luta pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade universais fazem parte inseparável disto. Já para as pessoas de má vontade ou profundamente equivocadas, ação séria, firme e decidida. Sem exageros. Mas sem vacilar ou titubear.

1b -Transmitir valores elevados (educar, esclarecer) aos outros e principalmente à nova geração. [fazer]Procurar transmitir à nova geração e à maior quantidade possível de pessoas o respeito ao valores que levem a humanidade ao progresso material e espiritual, ao bem estar, à liberdade individual e coletiva responsáveis e ao compromisso com o Justo, o Bom e o Belo. (fazer)

1c - Investigar a realidade (esclarecer-se) procurando respostas e explicações plausíveis para os grandes mistérios da vida. [fazer]
Isto além de nos manter com a mente sempre aberta e nos tirar da ingenuidade e credulidade em que se acredita em qualquer coisa sem provas e sem critérios de avaliação, nos previne razoavelmente contra tentativas de outras pessoas nos levarem a fazer o que eles querem sob as mais diversas alegações. Deverá nos dar condição de verificar a plausibilidade, a coerência e a confiabilidade dos que nos é apresentado para que não entremos tão facilmente assim em engodos.

 Observações:

É bastante emblemático que todas as quatro razões que considero ao mesmo tempo primordiais e últimas de nossa existência neste planeta e neste plano sejam representantes do “fazer”, que é o que é verificado pela lei da causa e efeito, e nenhuma seja representante do “ser”. E muito menos do “ter”.

Isto deve ser suficientemente sugestivo quanto ao que, na minha opinião, deve ser privilegiado e ao que pode ser negligenciado em nossa existência, seja em que plano for. E principalmente neste.

Alguns poderão considerar que a investigação da realidade visando o esclarecimento nos leva a “ser” pessoas mais elevadas e evoluídas, o que levaria a constatação de que o “ser” está representado pelo menos neste caso. No meu ponto de vista, ao efetivamente colocarmos em pratica estes quatro itens sempre nos tornaremos pessoas melhores e com isto na verdade todos os quatro itens representam o que devemos “fazer” para SERmos efetivamente seres com mais valor em questões essenciais, isto é, que são levadas em consideração na nossa avaliação pelo único ser que verdadeiramente importa, Deus.

Quanto ao “ter”, acredito que não necessitamos nos preocupar por enquanto com isto. Apesar de ser a mim evidente que não podemos nos descuidar de procurar obter os recursos materiais indispensáveis e necessários à nossa subsistência digna e a dos nossos (pois como disse o Einstein, o simples fato de termos estômago já nos condena a correr atrás de dinheiro), o bem essencial e fundamental da vida, que a maioria concorda que é a felicidade, fatalmente será alcançado se colocarmos em prática de maneira efetiva e eficiente os referidos procedimentos.

E quem tem a própria felicidade resolveu de maneira definitiva a questão do “ter”, mesmo sem ter nenhum bem material. Alguns ainda poderão questionar, mas como ser feliz sem ter nada? Para começar, quem tem a felicidade, tem alguma coisa (e a mais procurada).

Portanto não pode ser afirmado que não tem nada. Se a questão for mais específica e for a respeito de bens materiais, ela já foi, na minha opinião, respondida quando observei que devemos procurar obter os meios necessários à nossa subsistência e a dos nossos.

Talvez ainda sobre alguma dúvida, pois pode ocorrer, com frequência maior do que gostaríamos, que pessoas menos honestas tenham vantagem em relação a pessoas mais honestas e preocupadas com a justiça, o respeito e aos direitos dos demais, em um mundo competitivo como o nosso, obtendo para si e para os seus mais e melhores recursos para ser alcançada a felicidade.

Temo que neste caso, ao menos de maneira aparente e transitória, a objeção seja válida. E digo aparentemente porque a obtenção de mais e melhores recursos para se obter a suposta felicidade para si e para os seus garante apenas condições para que se “ter” coisas, o que, isoladamente apenas, e levada a cabo de maneira egocêntrica, egoísta, frívola, fútil e banal não me aparenta ter capacidade de tornar alguém efetivamente feliz.

E se ainda conseguir aparentar felicidade e alegria nesta vida pelo menos, terá a avaliação da Lei de Causa e Efeito a cobrar-lhe a conta das injustiças e desrespeitos a que tiver recorrido para obTER tais recursos, da mesma maneira que a omissão e descaso para com a sorte dos demais no uso e usufruto dos mesmos, o que fatalmente não vai fazê-lo feliz. Pelo menos até que tenha aprendido a tratar bem aos outros seres humanos. No mínimo.

Creio também ser importante observar que, se considerarmos que a ignorância é a única e real causa, razão e raiz de todos os males que o ser humano enfrenta, o combate à mesma, através do esclarecimento deve ser, portanto o que produzirá mais efeitos positivos e de maneira mais eficiente, tornando-se assim a mais importante e elevada tarefa a que possamos nos dedicar para promover o bem comum.

Com o intuito de evitar lamentáveis e perigosíssimos mal entendidos, considero ser extremamente importante salientar que as tentativas de eliminação ou de diminuição da ignorância deverão ser feitas exclusivamente através de esclarecimento e não da eliminação ou da opressão daqueles a quem se considere mais ignorantes ou equivocados.

Os meios a serem utilizados deverão ser tão nobres quanto as causas alegadas e creio que a aplicação de esforços expressos nos quatro itens acima descritos como razões da existência humana se enquadra de maneira bastante adequada a este objetivo.

Ressalvo também que os itens complementares (1a, 1b e 1c) são apenas maneiras nos qualificarmos ou auxiliarmos aos demais a se qualificarem para que o único item fundamental possa ser executado com eficiência. Sem ele, OU SEJA, SEM TRATAR BEM AOS OUTROS, todo o restante não adianta ABSOLUTAMENTE NADA.

Observe-se também que a ordem em que foram escritas indicam, sugestivamente, a ordem a meu ver natural de evolução para quem esteja iniciando o caminho e ainda não tenha a clareza proporcionada pela investigação um pouco mais profunda da realidade.

Em primeiro lugar entendo que devamos procurar tratar bem aos outros, mesmo sem saber ou entender o porquê. Em seguida tentar promover o bem comum e a Justiça, sabendo ou não o motivo. Mais a frente, podendo ser feito simultaneamente com o segundo item, podemos transmitir valores elevados aos outros (muitas vezes o exemplo já é suficiente) e finalmente procurar as explicações ou a iluminação.

Isto, no entanto, de maneira alguma implica que cada um não de nós não possa fazer o seu melhor, da melhor maneira que conseguirmos. Na prática pode ocorrer alguma dificuldade em executar os três primeiros itens de maneira mais eficiente sem o conhecimento proporcionado pelo último.

Mas é melhor irmos tentando fazer o nosso melhor, mesmo não entendendo exatamente como e nem porque, enquanto procuramos nos esclarecer, do que esperarmos a clareza suficiente para saber os porquês e ficarmos na indiferença, na inação, na apatia e na omissão, as quais serão, no meu humilde ponto de vista, tão cobradas quanto as ações negativas.

Uma outra  maneira de ver esta questão seria através da análise do que as pessoas em geral afirmam a respeito dela, considerando a Deus como existente ou não. O que geralmente as pessoas (eu mesmo já o fiz) nos respondem sobre qual seria o sentido da vida, é que ele residiria em “alcançar a felicidade, não importando como”, não corresponde a nenhum dos itens que eu depois enumerei como sendo o que considero ter mais chance de estarem próximos da verdade.

Pois, aparentemente, ser feliz não pode ser considerado nem tratar bem aos outros, nem promover o bem comum e a justiça, nem transmitir valores elevados aos outros e nem investigar a realidade. Isto pode ainda parecer mais contraditório porque aponto como o direito primordial de todo e cada um de todos os seres humanos “os meios e recursos para alcançar a felicidade” (há a intenção de postar texto específico).

Há neste caso uma falsa contradição, pois se trata de dois assuntos que têm ligação e são associados, mas que são efetivamente distintos, cada qual versando sobre um assunto que considero fundamental: um trata do direito fundamental e principal e o outro trata do sentido também fundamental e principal desta vida.

A ligação entre eles é que a efetiva prática do conjunto das ações que, no meu modo de ver, correspondem ao sentido da vida humana é o que efetivamente permite, auxilia, propicia (ou pelo menos não atrapalha) a possibilidade do maior número possível de pessoas alcançar a felicidade.

Em resumo poderíamos dizer então que o sentido desta vida residiria no conjunto de práticas e ações que sejam capazes de possibilitar a felicidade geral, sem ferir a direitos fundamentais de ninguém (nem os nossos).

É claro que alguns podem interpretar esta proposta de maneira inconsequente, irreverente, leviana ou até mesmo irresponsável. Se atentarmos bem ao texto, no entanto, este tipo tendencioso e casuísta de interpretação fica virtualmente eliminado quando se fala de “felicidade geral, sem ferir a direitos fundamentais de ninguém”.

Assim, não percebo nenhuma contradição entre o sentido fundamental da vida e o direito também fundamental desta, mas, sim, associação e complementaridade, de modo a procurarmos combinar o conhecimento do que seria, no meu ponto de vida, um pequeno conjunto de verdades objetivas, do sentido da vida e dos direitos fundamentais de todos e de cada um de todos os seres humanos e, em função de uma base mais estável, tentar produzir princípios e normas de conduta solidamente alicerçadas neles, com vistas a procurarmos mudar inicialmente as pessoas e depois as suas obras, pois o contrário tem sido tentado há milênios, com os péssimos resultados que conhecemos.

Alguns podem fazer a mudança com mais velocidade e outros podem levar mais tempo. Mas o interessante é a existência de um conjunto de princípios e valores estáveis e com validade universal, derivados da Razão, que possam servir de modelo e de base para a necessária mudança na maneira das pessoas pensarem e gerarem seus critérios e normas de conduta.

Mesmo que não sejam estes, mesmo que estes sejam apenas uma tentativa, uma proposta, uma contribuição à discussão com vistas às absolutamente necessárias mudanças de mentalidade dos seres racionais deste planeta. Mesmo que as mudanças sejam tímidas nos estágios iniciais, elas são absolutamente necessárias. Mas hão de começar. E logo.

Aparenta-me que é urgente uma guinada, no sentido de passarmos a ter uma vida com posturas e atitudes elevadas e virtuosas, com uma vida a mais “politicamente correta” possível.

Seria uma vida com a intenção de sermos o mais tolerantes, ecléticos, humildes, misericordiosos e caridosos que nos for possível para cada idade, condição ou situação.

Seria como aquela frase da oração atribuída a São Francisco de Assis, “fazei que eu PROCURE MAIS ...”, ou seja, não há a exigência de sermos perfeitos mas há a procura da melhoria contínua, tão em moda em nossos dias, sem nos exigir o que não podemos ser naquele momento e sem deixarmos de procurar não apenas sermos melhores, como também, cada vez melhores. Se possível. Para aquele momento. E para aquela situação.

Isto não quer dizer que seríamos passivos e incapazes de tomarmos posições e atitudes enérgicas ou emergenciais quando a situação assim o pedir ou exigir. Seria uma linha mestra, uma diretriz básica, uma linha de atuação a ser seguida dentro das nossas possibilidades. Respeitando as situações, condições e peculiaridades de cada momento. Sem exigências absurdas, sem renunciar a uma vida completa, sem culpa e sem medo de ser feliz.

De certa maneira, pode-se unir as partes com o todo e dizer simplesmente que o sentido da vida está em proporcionar idênticas oportunidades de felicidade a todos e a cada um de todos os seres humanos (ou racionais, da melhor maneira estendido as demais formas de vida, principalmente as conscientes), através da adoção das posturas mais acima explicitadas.

Enquanto uma sociedade não fizer desta a sua finalidade quase exclusiva, será uma sociedade de bárbaros e não poderá ser considerada uma civilização, por insipiente que seja.

Outro detalhe que me chama a atenção é o péssimo costume que temos de colocar a culpa de tudo o que nos acontece nos outros. Pois se consideramos a Deus como maximamente Justo, então não podemos escapar à conclusão de que, se estamos neste mundo imperfeito e cheio de sofrimento, então somos imperfeitos e causamos muito sofrimento a outros seres. Ou não estaríamos aqui.

Assim, afirmo, postulando por enquanto, que o auto-conhecimento, o conhecimento e o saber, apenas alcançáveis através da investigação filosófica, constituem o primeiro degrau na busca do sentido da vida.

Entretanto tal procedimento ou feito torna-se extremamente difícil em função de uma série enorme de dificuldades e ainda (em e muitos casos principalmente) das distrações geradas pela banalização e pelo consumismo que nos são impostos pela mídia.

Nos anestesiamos através de mil subterfúgios: televisão, música, religiões, cultura, trabalhos, leitura, sonhos de consumo, viagens, esportes, gastronomia, namorar, orgias, baladas, ideais, ideologias, drogas, álcool, fumo, chocolate, roupas, shoppings, coleções (de selos, moedas, etc.), montagem de quebra-cabeças, palavras cruzadas e mais uma infinidade de atividades, qualquer coisa para passar o tempo sem termos de pensar.

A maioria destas atividades não é realmente um problema em si, mas o exagero em uma delas ou do conjunto delas de maneira a não sobrar tempo (e nem energia) para nos aprimorarmos enquanto seres humanos.

Algumas delas são executadas com desprendimento e altruísmo, o que, temos de admitir e até declararmos ser muito provavelmente, na imensa maioria dos casos, preferível ao auto-desenvolvimento, pois, a pessoa nesta condição, pratica o “fazer” e não o “ser” ou o “ter”, sendo estes últimos, na minha modesta opinião, inferiores ao primeiro enquanto atitude e enquanto sentido da existência.

O “fazer” só seria inferior aos conjuntos “saber-ser-fazer”, “saber-fazer” ou “ser-fazer”. Ou seja, mais vale quem faz o certo, sem ser melhor e sem saber porque do que quem é bom, sabe muito, e não faz o certo.

Estamos, nesta existência, para aprender a tratar bem aos outros. Esta é a essência, o verdadeiro sentido da vida. O restante é acessório, tempero, que não deve ser menosprezado ou muito menos desprezado.

E tratar bem aos outros não quer dizer que devamos ser “bonzinhos”: devemos ser bons e justos. As pessoas não querem que sintamos pena delas e sim que as respeitemos. Querem respeito e dignidade.

Assim, as sociedades, comunidades, grupos e pessoas são por mim avaliadas e classificadas pela maneira que tratam outras sociedades, comunidades, grupos e pessoas.  Se tratam bem, são evoluídas. Se não tratam bem, necessitam de evolução. Ponto. A quantidade de evolução necessária depende do quanto tratam não-bem aos demais.

Esta, como acabei de dizer, é a maneira como eu avalio, ou seja, é algo individual portanto. Só que, como esta maneira de avaliar é decorrente da maneira como creio que somos avaliados por Deus, como esta maneira é, na minha opinião, o que verifica se estamos conseguindo cumprir de modo adequado, eficiente ou eficaz o único item pelo qual nossa existência é avaliada, como esta seria praticamente a única razão da nossa existência terrena, talvez fosse uma boa ideia levar um pouco mais em consideração o modo como tratamos os outros.

Ou poderemos estar, no mínimo, desperdiçando a vida. Lembro mais uma vez que ser bonzinho, isto é, não impor limites, gerando com isto condições para a degradação ética e moral, não é tratar bem. Isto fica bem claro quando nos lembramos da maneira como educamos nossos filhos: nós lhes impomos limites para que não se percam ao mesmo tempo que os instruímos, educamos e preparamos para uma vida adulta responsável.

Isto é tratar bem. Não importa se amamos, gostamos ou apreciamos aos outros. Apenas os tratemos bem. Há sentimentos que muito dificilmente serão possíveis de ser controlados por todos o tempo todo. Pois há, em nossas mentes, níveis de consciências muito antigos, incompreensíveis, incontroláveis.

Não há como a maioria das pessoas controlar estas consciências menos evoluídas, as quais tem medos, anseios, neuroses e sentimentos característicos de nossos ancestrais mais primitivos. Não sejamos escravos de instintos e sentimentos. Sejamos observadores e ouvintes da Razão.

Muitos ainda dizem que caridade, ou a prática do dar, pode ser o sentido da vida. A ação caridosa realmente beneficia quem a recebe mas, só ela, pode ser apenas um alívio para a consciência. Então a caridade, principalmente a que doa recursos materiais, não pode encerrar a nossa responsabilidade e o sentido da vida. Sei que enquanto não ensinamos a pescar temos de dar o peixe mas, é necessário também que se ensine a criar o peixe de maneira sustentável, e não apenas pescá-lo.
Há muita distração, há muitos ruídos, há muitos estímulos a nos exigir atenção, há muitas necessidades, desejos, ignorância, questões intrigantes, desafios, a tirar-nos a atenção da insustentabilidade da existência. Os que procuram explicações e o sentido da vida são ridicularizados por pessoas distraídas, absortas, que se encantam tanto com tantos detalhes, necessidades, planos, sonhos vãos, que não se apercebem da armadilha, da ilusão em que vivemos todos (incluo-me). E, pensando bem, puxa vida, se o sentido da vida é o prazer, o bem estar, o poder, para que intelecto?

Bom é quem faz o bem. E mau é quem faz o mal. E o que é fazer o bem? É tudo o que gera bem estar, alegria, prazer, orgulho, satisfação, felicidade enfim, a alguém, de maneira responsável e respeitosa.

E o que é fazer o mal? É tudo o que gera sofrimento, dor, mal estar, constrangimento, vergonha, insatisfação, infelicidade enfim, a alguém, de maneira irresponsável ou desrespeitosa para com seus legítimos direitos.

Há, claro, questões sutis o suficiente para nos deixarem em dúvida, assim como, evidentemente, a impossibilidade prática de se agradar a todos, além de questões que serão consideradas de agrado geral ou não na dependência e de acordo com o local e a época em que forem consideradas.

Para todas, as sutis e as não sutis, há a necessidade de termos em mente se o que nós estamos considerando fazer o bem seria também considerado fazer o bem pelo Criador.

Pode ser que todas estas dúvidas jamais sejam suficientemente esclarecidas de modo que fique claro a todos simultaneamente mas, basicamente, podemos já afirmar que, a princípio, quem não causa sofrimento, dor, injustiça, mau estar, constrangimento, vergonha, insatisfação, infelicidade enfim, não está fazendo o mal.

Pode não agradar a todos, pode não ser este o motivo pelo qual o Criador nos colocou aqui, mas já não estaremos fazendo o mal (se bem que a indiferença com o sofrimento alheio evitável, e mesmo a falta de compaixão e empatia, certamente serão antiéticas e até cruéis).

Fiquem em paz e sejam felizes.

Um aprendiz
Apenas a Verdade prevalecerá

4 comentários:

  1. Robson estufa o peito e diz cheio de graça : Sou bófe, mas quem não é ?

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  2. O chato é o cara colocar na boca dos outros o que ele gostaria de dizer mas não tem coragem















    de sair do armário kkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Robson, Cleverson, Vladison e Richarlyson é tudo nome de gay

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