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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sobre os atributos de Deus

Estou postando aos poucos o que me levou a ter a posição que tenho a respeito de alguns assuntos, para não estourar a abertura do blog (e para não deixar o Hosaka ainda mais "burabo, né"), mas vou tentar adiantar para não ficar toda hora explicando alguns detalhes já previstos para mais adiante.

Além deste texto, que trata dos possíveis atributos de Deus, há programação de postagem de outros, com as conclusões lógicas decorrentes deste, assim como este é decorrente das conclusões logicamente demonstradas de maneira formal, de forma que deixam de ser formalmente opinião e passam à categoria de conclusão lógica, a qual somente pode ser desafiada se as premissas estiverem incorretas ou se houve um erro no formalismo. Mas vamos a eles então.

"A menos que se admita a existência de Deus, a questão que se refere ao propósito para a vida não tem sentido”
Bertrand Russel

Durante muitos anos investiguei a realidade com a qual fui confrontado e, após algumas idas e vindas, passei a adotar uma opinião um pouco mais bem especificada de qual seria o propósito da vida humana e apresentar a minha opinião a respeito.

Mas percebi que esta opinião necessitava ser fundamentada em argumentos e princípios mais bem estabelecidos e muito bem explicados.

Assim como Bertrand Russel concluiu, eu também fiquei com a impressão de que, sem a admissão da existência de Deus, este propósito não faria muito sentido para muita gente e que a opinião materialista, que vê a vida apenas como uma oportunidade única para os prazeres e alegrias do consumismo e do hedonismo banal e fútil, se imporia (o que me leva a conclusão de que, mesmo a maioria das pessoas afirmando que acreditam em Deus, muitas delas vivem como se Ele não existisse).

Como já admitimos (na verdade concluímos de maneira irrefutável) a necessidade de existência de Deus, julgo conveniente procurar definir quais poderiam ser seus atributos e características, de modo a, em função delas, procurar pelo sentido da vida humana.

Para a definição de quais poderiam ser os prováveis atributos do Criador há a necessidade de tentarmos defini-Lo.

Anteriormente coloquei algumas possíveis definições (nos artigos Penso, logo Deus existe! e Resumo da ópera 1: penso, logo Deus existe) e considero razoável que comecemos por uma delas, a que diz que Deus é a explicação suprema para existência, a ordem e a razão universais.

Sendo Ele  “supremo”, desde a sua definição, considero-me autorizado a concluir que tenha atributos também supremos.

E o que seriam atributos supremos para um ser? Inicialmente consideremos que, para que uma estrutura existente seja um ser e não apenas algo, esta estrutura deve ser dotada de consciência, e neste caso de autoconsciência, ou seja, saber da própria existência, sem o que uma estrutura não pode ser considerada suprema, por ser apenas um objeto, qualitativamente muito inferior a um ser.

E neste caso, sendo esta característica suprema, teria de ter suprema consciência, isto é, não apenas de si mas também do Todo, do conjunto da obra.

Ou seja, podemos dizer inicialmente dizer que Deus seria alguém e não algo.

Uma vez definida a sua característica fundamental (existente, e dotado de consciência) passamos a investigar quais seriam os demais atributos deste ser.

Usando a mesma definição, verificamos que todos os demais atributos hão de ser também supremos.

O que nos leva a afirmar que este ser há de ter o máximo possível de inteligência e de sabedoria, sendo a própria sapiência.

Em sendo supremamente inteligente, podemos inferir que Ele criou o Todo e tudo o que nele há com alguma intenção, com algum propósito, como é típico de seres inteligentes, em vez de fazer as coisas a esmo, como é mais comum em seres menos dotados de inteligência.

Não consigo imaginar que alguém com alguma inteligência crie algo tão complexo quanto este universo e o próprio Todo sem intenção alguma.

E Deus, conforme já dissemos, não teria apenas “alguma inteligência”. Teria toda a que é possível ter.

Então vamos tentar verificar qual poderia ser esta intenção (ou quais).

Esta pode parecer uma questão banal, mas considero que seja uma das mais importantes da existência humana, se é que não é a mais importante e significativa de todas.

Pois pode nos levar a uma possível resposta da questão do significado da existência, tão procurado e tão debatido.

Havendo um propósito para Deus ter criado o Todo e a todos nós, o conhecimento deste propósito pode nos guiar sobre qual o propósito da nossa existência, para Ele.

E considero definitivamente que este propósito d’Ele deve de alguma maneira ser levado em consideração por nós.

Ou deveria, já que, em havendo este propósito maior, caso nos afastemos demais dele, por melhores que sejam as nossas intenções e por mais racional que nos pareçam o sentimento, a argumentação ou o raciocínio que nos levem a concluir que o sentido da vida é outro, estaremos, no mínimo, desperdiçando tempo e energia (como o tempo é a matéria prima da qual é feita a vida, estaremos desperdiçando a vida).

E no máximo poderemos estar correndo um risco muito mais sério, o de ter de colher o que plantamos, o de ter as exatas consequências de todos os nossos atos e omissões (do que não poderíamos reclamar, desde que sejam na exata medida do que fizemos).

Vamos portanto tentar chegar aos atributos possíveis de Deus e ao que teria maior probabilidade de ser o propósito da criação.

Entendo que as qualidades e características de um ser que seja supremo, não devem ser as apenas as maiores e sim as maiores e melhores.

Portanto estas qualidades seriam supremamente elevadas e superiores. Assim, este ser só poderia ser poderoso, bom, sábio, sabedor, conhecedor e justo, dentre outras supremas perfeições.

Usando uma outra definição, a de (Santo) Anselmo, Deus seria “alguma coisa maior do que a qual nada se pode pensar (aliquid quo nihil maius cogitari possit)”, à qual eu adicionaria, “sem torná-la logicamente impossível”, para evitar os paradoxos que poderiam advir dela, teremos este ser supremo como o dotado de todos os máximos e elevados atributos.

Em relação a estes paradoxos, muitos retratam a questão de Deus ter sido declarado absolutamente incognoscível, incompreensível e inimaginável pelo ser humano como uma ação com o propósito de impedir o progresso da ciência, apoiando assim o obscurantismo, com claras intenções de domínio político e social.

Acredito que uma parte dos que afirmaram a não compreensibilidade de Deus tiveram realmente intenções bem mundanas e escusas. Mas não todos.

Ao descrever Deus como um ser ou entidade impossível de ser compreendido alguns certamente o fizeram por medo ou receio de descrever a Deus como menor, menos poderoso ou menos sapiente do que na realidade poderia ser.

E com este medo de ofender a alguém tão poderoso o tornaram tão imensamente, absurdamente, infinitamente e impossivelmente grandioso que o tornaram também logicamente impossível, configurando um quadro perfeito para que algumas pessoas produzissem elaborados e capciosos, porém simplistas, raciocínios, levando a falaciosos paradoxos “insuperáveis”.

Em Ele sendo a explicação do inexplicável, é declarado tão grande que também se torna inexplicável.

Mas Ele pode ser inexplicável e incognoscível, mas não impossível, como acabou por parecer a alguns, por excesso de zelo, com honestidade e boas intenções (pelo menos por parte de alguns).

Temos pela frente uma grande dificuldade, uma tarefa complicada.

Pois em muitas dificuldades e possibilidades de engano se incorre ao se tentar definir com palavras o que é indefinível. Mas vamos lá.

O primeiro atributo físico seria a extensão, o tamanho. E Deus teria de ser ilimitadamente extenso, ilimitadamente grande, ilimitadamente ocupante de todo o espaço e extensão existentes em todos os universos e em todas as dimensões que existissem.

Mas qual o seu tamanho? O maior possível, ponto. E quanto é o maior possível? O maior possível, ponto.

Isto para se evitar um primeiro paradoxo, uma contradição insolúvel entre as alegadas onipotência e onipresença, a oni-extensão.

Pois se não pudesse criar um lugar tão grande onde nem mesmo Ele poderia ocupar todos os espaços simultaneamente não seria infinitamente poderoso e se não conseguisse ocupá-lo todo não seria infinitamente extenso.

E até um paradoxo da onipresença com ela própria. Pois mesmo que Ele não criasse este lugar tão grande, mesmo que o lugar simplesmente existisse e Ele não conseguisse ocupá-lo todo, então Ele não seria onipresente, oni-extenso.

Mas Ele não tem que ser nada além do que Ele é. E o que Ele é? Ele é tão grande quanto é possível ser, ponto. E de que tamanho Ele seria? Do máximo possível, ponto.

O segundo atributo físico seria o da potência, seria o poder, a capacidade de fazer algo.
Também neste caso teríamos de considerar o poder de Deus como o maior possível, como tendendo ao infinito.

Pois o ser ou entidade que seja a causa primordial da existência do Todo, de todos os universos, de todos os lugares, de todos os objetos, de toda a energia, de todos os demais seres e de todos os fenômenos, causas e efeitos em todos os universos em todas as dimensões porventura existentes haveria de ter insuperável poder.

E quanto seria este poder, esta potência? Seria a maior possível, ponto. E quanto é a maior possível? Seria a maior possível, ponto.

Pois se a afirmarmos infinita, daremos causa ao segundo paradoxo em que se incorre ao tentar definir com palavras o que é indefinível mesmo com a mente.

Deus, sendo infinitamente poderoso poderia criar algo tão pesado que Ele próprio não poderia carregar? Se puder criar e não puder carregar, não é de poder infinitamente absoluto.

Se não puder criar algo tão pesado, também não tem potência infinita. Então o que se pode dizer do poder d’Ele é que seria o valor correto, justo, harmonioso e equilibrado. Mas o quanto Ele seria poderoso? O máximo possível, ponto.

Tendo uma definição básica de quais seriam os atributos físicos de Deus (se é que se pode falar em atributo físico de um ser que seria metafísico por definição), vamos passar aos atributos éticos.

Inicialmente considero que um ser com supremos e elevados atributos deva ter também supremos e elevados princípios éticos¹.

Ou ele não seria supremo no que considero o supremo atributo. Neste caso pode ser necessário que se defina o que seria a Ética.

No meu ponto de vista, Ética é dar a todos os demais o mesmo respeito e tratamento que você deseja ou exige para si mesmo, sem que eles exijam ou sequer peçam.

Esta também é praticamente a definição de Justiça, a qual, para mim resume-se  a  dar a todos idêntico tratamento em idênticas condições, de maneira que o outro seja tratado de modo idêntico ao que gostaríamos de ser tratados (ou aos nossos pais e filhos) em idênticas condições sem que o outro tenha que nos pedir ou muito menos exigir.

Há pois uma identidade muito grande entre a Justiça e a Ética, por um lado, e entre ambas e a igualdade.

Resumem-se portanto à igualdade. Onde houver igualdade haverá Justiça e onde houver desigualdade (iniquidade) haverá injustiça. E Deus será, por excelência, igualitário, Justo e Ético.

Entre o bom e o mau, entre o bom e o perverso, entre o bem e o mal, entre os extremos, há o meio termo, o equilíbrio, a justa medida. Há o Justo, a Justiça.

E é aí que deve estar Deus, no supremo equilíbrio, na harmonia harmoniosa e equilibrada.

E Ele tem o máximo possível de todas as características elevadas e nobres. Que talvez pudesse ser traduzida como Sapiência. Suprema. Máxima.

Ele tem o conhecimento pleno e supremo de tudo o que é possível ser sabido. E quanto é este conhecimento? O máximo possível, o máximo que Ele teria se proposto.

Também para o atributo conhecimento nós estamos evitando mais um paradoxo, o da liberdade, o do livre-arbítrio.

Pois se Deus decidir saber antecipadamente tudo o vai ocorrer, nada e nem ninguém poderá alterar isto, ou seja, imediatamente todos os seres dos universos, inclusive Ele próprio, perderão o livre-arbítrio (alguns consideram que nem mesmo Ele poderia alterar o que Ele já sabe que ocorrerá, ou geraria mais um paradoxo).

Ser bom ao extremo gera irresponsabilidade.

Ser permissivo ao extremo gera libertinagem, gera inconsequência.

Ser rigoroso ao extremo gera falta de liberdade, gera opressão.

Ser exigente ao extremo gera exploração.

Ser tolerante ao extremo gera desinteresse.

Ser demais, gera demais. E, se é demais, é demais.

Pois o adequado é a justa medida. Então é na justa medida que está a perfeição.

A perfeição está no equilíbrio, na harmonia, na Justiça. Estes seriam os atributos, qualidades, características, em que Ele seria ilimitado sem deixar de ser perfeito. E de quanto seria este equilíbrio, esta harmonia. Do máximo possível, ponto.

Esclareço que, no meu ponto de vista, alguns destes paradoxos, se não todos, carecem de validade lógica.

Pois não consigo imaginar que um ser, sendo fundamentalmente o portador da máxima inteligência possível, sequer pensaria em produzir espaços tão imensos, objetos tão pesados ou a outras “façanhas” do mesmo tipo.

Isto seria coisa de seres com a limitada inteligência que possuímos, o que seguidamente vezes demonstramos ao criar instituições e sistemas que transformamos em monstros que tem nos explorado, controlado, oprimido, escravizado, engolido e massacrado nestes milênios todos.

Voltando aos atributos de Deus, julgo conveniente defini-Lo de acordo com o que acabamos de ver mais acima.

Deste modo, no meu ponto de vista, Deus é uma entidade metafísica, causa e explicação da existência do Todo, dotada dos máximos atributos elevados possíveis e simultaneamente existentes, de modo que uma característica elevada não seja tão exagerada que impeça todas as outras de também existirem na máxima amplitude possível, de maneira primorosamente equilibrada, exatamente harmoniosa e na melhor e mais justa proporção possível.

Em poucas palavras, Deus é o máximo. E o Justo.

Desta maneira, sendo Deus maximamente Justo, não tenho como sequer imaginar que Ele não considere a todos e a cada um de todos os seres humanos como exatamente iguais entre si e não lhes dê idênticas oportunidades e tratamento.

O que observamos como diferenças de tratamento, se o considerarmos justo, só podem ser em função de diferenças de comportamento nossas, ou seja, nós é que somos a medida de tudo o que nos acontece.

Isto pode parecer uma concessão ao sofismo mas é implicação necessária da Justiça divina: todos e cada um de todos são tratados exatamente da mesma maneira que já trataram ou ainda tratam aos demais seres humanos (e, no meu ponto de vista, também de acordo com a crueldade ou não com animais). Não como castigo, mas para aprenderem como tratar aos outros.

Uma vez delineados os que considero serem os mais prováveis atributos fundamentais de Deus, podemos passar à investigação de outros detalhes, em textos que se seguirão a este.

Notas: ¹ Muitos se referem à Ética como sendo a “moral”.
Eu prefiro falar sempre em Ética pois a moral se relativiza de acordo com a época, o local, a comunidade e os costumes de cada um.
A Ética não. A Ética é imutável em qualquer universo e em qualquer época.
Não serei simplista o suficiente para afirmar que em todas as situações possíveis ou imagináveis, os mesmos atos serão considerados sempre éticos ou antiéticos.
Mas considero que, na mesma situação, um ato não será ético em um tempo e local e antiético em outro tempo e local.
Será ela, a situação, que permitirá a definição e não qualquer regra, norma, costume ou mesmo lei.

Um comentário:

  1. Olá, HosakinhaAndréMalinha! Ardendo muito esse teu lordinho balzaqueano53 de católicuzudinho velho de guerra ? Faça como o teu papa: de meia em meia hora leve uma enrabadona do guarda suiço, o Hans , hehehe....Auf wiedersehen, guten tagen ! ...

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