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terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Outra na História

Os casos saborosos de sexo fora do casamento contados por meio da biografia de oitenta amantes famosas dos últimos quarenta séculos.


Foi um momento memorável. Em maio de 1962, em NY, usando um vestido translúcido ajustado a mão para revelar cada milímetro de suas formas, Marilyn Monroe subiu ao palco do Madison Square Garden, lotado, para sussurrar o mais famoso Parabéns a Você da história. O aniversariante era o presidente John Fitzgerald Kennedy - com quem ela tinha um caso havia pelo menos um ano.  Por que a  mais famosa atriz do cinema americano e, em seu tempo, a mulher mais desejada do mundo investiu nesse esforço extra de sedução? A resposta, disse a VEJA a historiadora Elizabeth Abbott, é a mesma que se vê em qualquer telenovela: "Marilyn queria a atenção de JFK a qualquer custo, um comportamento comum entre as amantes ao notarem o início do afastamento do seu parceiro".


Pesquisadora na Universidade de Toronto, no Canadá, Elizabeth Abbott é uma especialista nos mistérios do sexo extraconjugal. Nos últimos dez anos, ela vasculhou a vida de oitenta mulheres cuja notoriedade se deve basicamente ao papel de "outra" . O resultado, uma coletânea de biografias chamada Mistresses: A History of  Other Woman  (Amantes: A História da Outra, em tradução livre), ainda sem versão para o português, é o complemento da trilogia de estudos que inclui a História do Casamento e a História do Celibato. A escolha dessas mulheres , e não quaisquer outras, tem o objetivo de estabelecer um elo constante na arquitetura do sexo fora do casamento. No entender de Elizabeth Abbott, esse assunto complexo, se reduzido a seu mínimo denominador comum, pode ser explicado da seguinte forma: aproximar-se de um homem com poder econômico, político ou cultural foi foi para as "outras", por séculos, uma das poucas maneiras, se não a única, de aspirar a uma ascensão social além daquela que uma mulher poderia esperar em outras circunstâncias. "Essa possibilidade de atingir alguma forma de igualdade entre os sexos é a principal conexão entre as amantes das mais diferentes eras", resume a escritora.

Tal linha de pesquisa permitiu a historiadora estabelecer a conexão que começa com Agar, a escrava egípcia que se tornou mãe de Ismael, o primogênito do patriarca Abraão, como se conta no Velho Testamento, e passa por Nell Gwynne, amante do rei Carlos II, da Inglaterra, no século XVII. Primeira atriz da história do teatro inglês (antes dela as mulheres eram proibidas de subir ao palco), letrada e espirituosa, e era, em seu tempo, uma celebridade artística com popularidade comparável à de Marilyn Monroe nos anos 60. Consta   que no leito de morte de Carlos II implorou à rainha que "não deixasse a pobre Nell passar fome".

Apesar de não existir "fúria no inferno igual à de uma mulher desprezada", como registraria com fina sabedoria o dramaturgo inglês William Congreve, a viúva levou ao pé da letra as súplicas do rei e não teve coragem de se vingar da "outra".  Nas contas de Abbott, são descendentes de Carlos e Nell nada menos que cinco  dos 26 duques ingleses existentes atualmente. Um exemplo clássico é Aspásia, famosa por seu envolvimento amoroso com Péricles, o grande estadista ateniense do século V antes de Cristo.


Em uma cidade onde as mulheres casadas eram confinadas em casa, a amante de Péricles recebia poetas e filósofos (ela é citada nas obras de Platão e elogiada por Sócrates) e exercia considerável influência política. Muitos historiadores acreditam que Aspásia escapava às restrições impostas às mulheres de Atenas por se estrangeira (nasceu em Mileto, cidade na Ásia Menor) e, parece, dona de bordel. Péricles propôs uma reforma da lei da cidadania só para poder conceder cidadania ao filho que teve com Aspásia e torná-lo seu herdeiro. Depois da morte de Péricles, ela se tornou amante de Lísicles, outro estadista e general, com o qual teve um filho. Não há registro sobre a data da morte dessa mulher notável, mas os historiadores acreditam que tenha sido antes da execução de Sócrates, em 399 a. C.


Ao apresentar a "outra" como alguém cujo objetivo é, historicamente, o de se aproveitar da infidelidade  atávica do sexo masculino, Elizabeth Abbott comete uma injustiça com tantas mulheres cultas e inteligentes cuja liberdade sexual esteve adiante dos costumes de seu tempo. Jeanne-Antoinette Poisson, mais conhecida como marquesa de Pompadour, amante de Luís XV, é uma dessas mulheres.

Talvez tenha sido uma das mais poderosas amantes de todos os tempos. Linda, rica, educada, inteligente e sinceramente ligada ao rei, ela tinha um defeito aos olhos da corte: era uma filha da burguesia e, pior, uma plebeia que se metia na política do reino. Os cortesãos eram tolerantes com os namoricos do rei com as moças da aristocracia, mas implicaram com a Madame de Pompadour. Apesar da campanha de difamação da qual foi alvo, ela  exerceu uma influência luminosa no desenvolvimento das artes e da cultura no reinado de Luís XV, visto hoje pelos historiadores como um momento de esplendor da arquitetura e do design na França. Madame de Pompadour tinha um pequeno apartamento no 3º andar do Palácio de Versalhes e permaneceu amiga do rei até sua morte, em 1784, apesar de Luís XV viver então às voltas com amantes mais jovens. A "outra" na realeza é sempre uma narrativa fascinante. Existe affair mais impressionante que os anos de amor dedicados por Charles a Camilla Parker Bowles, sendo a amante mais velha e mais feia que a esposa, Diana?

 Um exemplo terrível, é o de  Eva Braun. Dizem as testemunhas que a amante de Adolf Hitler morreu feliz porque, pouco antes do suicídio, o ditador sanguinário, que durante uma década a tinha mantido escondida dos alemães e a humilhava em particular, finalmente, numa derradeira concessão, decidira se casar com ela. A felicidade dela estava na aliança.


Uma observação: Chico Xavier em visita a um cemitério nos EUA "viu" o espírito de Marilyn Monroe deitado em seu túmulo. Depois escrevo mais sobre isso (se alguém quiser, claro...).


Amor de Presidente


O presidente JK comemorava seu aniversário de 56 anos em um jantar em Copacabana, em 1958, quando viu pela primeira vez Maria Lúcia Pedroso. Com 23 anos, bonita, esguia e elegante, ela era casada com o deputado José Pedroso, líder do PSD, o partido do Governo. JK convidou a moça para uma dança.  Dançaram a noite inteira - e nunca mais se separaram. Por dezoito anos, JK e Lúcia viveram um dos mais longos e intensos romances extraconjugais da política brasileira. Para permanecerem juntos, os dois enfrentaram o medo do escândalo, o ciúme que um sentia do outro, as ameaças de morte do marido traído, que descobriu o caso em 1968. Dois anos antes, seis depois de deixar a Presidência, JK tinha cogitado abandonar sua mulher Sarah. Pediu Lúcia em casamento em uma carta, mas ela recusou. Pouco depois, ele fez um segundo pedido, também por escrito: "È um sentimento definitivo, eterno, imutável. Não há remédio nem solução", escreveu. Lúcia não voltou atrás na decisão e disse não pela segunda vez. Os dois eram ainda amantes em 1976, quando Jucelino morreu em um desastre de carro.


Já a grande paixão de Getúlio Vargas ocorreu sem tanta descrição. O homem que governou o Brasil de 1930 a 1945 manteve um tórrido romance que durou 10 anos com Virgínia Lane, uma famosíssima dançarina do teatro de revista. Caído de amores e encantado por suas belas pernas, o presidente concedeu-lhe o título de Vedete do Brasil. Numa entrevista, Virgínia falou assim sobre o amado: "Getúlio era barrigudinho, baixinho, mas isso não tinha problema para mim, pelo homem que era. Gostei dele desinteressadamente". Eleito presidente novamente em 1951, Getúlio suicidou-se com um tiro no coração em 1954. Virgínia Lane, que também teve namoricos com outros dois presidentes, está com 91 anos - e ainda contentíssima com o título de Vedete do Brasil.


(Selma)


Revista  Veja 2241
Gabriela Carelli

5 comentários:

  1. Bom, isso me fez lembrar do professor Milton Bins que ensinou no UOL e no Terra que "Religião é o medo doentio de morrer". Dessa clássica frase, podemos concluir que casamento é o desejo doentio da moça plantar galhos na cabeça do rapaz.

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    1. Acho melhor votar nas putas, porque nos filhos nunca deu certo.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Olá Homônimo,

      Por favor modere a linguagem, principalmente ao clonar o meu nome. Faço parte de uma cultura milenar que procura adornar nas ideias escritas pelo menos o respeito ao leitor.

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  2. Hosaka inconformado por não dar sorte com mulher bonita, vai procurar um grande sábio japonês (claro !!!)
    - Mestre, o que é preciso para um cara conseguir um mulher linda e gostosa???
    E o sábio responde: - É preciso o cara tê, né ?!
    O japinha de Diadema não entendendo direito, pergunta: - Karatê, mestre ?? - Sim. É preciso o cara tê beleza,o cara tê cabeça, o cara tê carro, o cara tê grana...hehehe

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