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domingo, 16 de outubro de 2011

Deus - Uma Hipótese Desnecessária?



O matemático britânico John C. Lennox, da Universidade de Oxford, defende com argumentos sólidos a possibilidade de coexistência entre o conhecimento científico e a religião em "Por que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus". O objetivo do livro é fornecer um amparo fortemente embasado para os cientistas, ou qualquer leitor, que sintam necessidade de debater em favor de sua crença.
Para o autor, alguns ateístas têm um "fervor religioso" tão grande, que chegam a perseguir homens da ciência que possuem algum tipo de fé. Em casos extremos, diz, eles não conseguem nem aceitar que pessoas com uma crença possam ser inteligentes e construir conhecimentos com base na realidade.
Ao longo dos capítulos, o autor usa linguagem simples e citações de outros autores para mostrar que as descobertas feitas pelo homem não excluem a existência de um Deus. Lennox também expõe o que considera as fraquezas da ciência e revela que a maior parte das respostas que ela oferece são especulações teóricas que precisam da fé da comunidade científica para existir. Ele ainda ressalta momentos em que os acadêmicos precisaram se desmentir e até voltar atrás com suas afirmações.
Entre os temas discutidos estão o embate entre as cosmovisões, a organização da natureza e do universo, a complexidade da biosfera, a origem da vida e do código genético e a proximidade com a religião mantida por grandes cientistas como Francis Bacon, Galileu Galilei, Isaac Newton e Clerk Maxwell.
Leia trecho inicial do capítulo "Deus - Uma Hipótese Desnecessária?".
Deus - Uma Hipótese Desnecessária?
A ciência tem alcançado êxito impressionante na investigação do Universo físico e na elucidação de como ele funciona. A pesquisa científica também levou à erradicação de muitas doenças horríveis e nos deu esperanças de eliminar muitas outras. E a investigação científica alcançou outro efeito numa direção completamente diferente: ela serviu para libertar muita gente de medos supersticiosos. Por exemplo, ninguém precisa mais pensar que um eclipse da Lua é causado por algum demônio assustador, que necessita ser apaziguado. Por tudo isso e por inúmeras outras coisas devemos ser muito gratos.
Porém, em algumas áreas, o próprio sucesso da ciência tem também conduzido à ideia de que, por conseguirmos entender os mecanismos do Universo sem apelar para Deus, podemos concluir com segurança que nunca houve nenhum Deus que projetou e criou este Universo. Todavia, esse raciocínio segue uma falácia lógica comum, que podemos ilustrar como segue.
Tomemos um carro motorizado Ford. É concebível que alguém de uma parte remota do mundo que o visse pela primeira vez e nada soubesse sobre a engenharia moderna pudesse imaginar que existe um deus (o sr. Ford) dentro da máquina, fazendo-a funcionar. Essa pessoa também poderia imaginar que quando o motor funcionava suavemente o sr. Ford gostava dela, e quando ele se recusava a funcionar era porque o sr. Ford não gostava dela. É óbvio que, se em seguida a pessoa passasse a estudar engenharia e desmontasse o motor, ela descobriria que não existe nenhum sr. Ford dentro dele. Tampouco se exigiria muita inteligência da parte dela para ver que não é necessário introduzir o sr. Ford na explicação de funcionamento do motor. Sua compreensão dos princípios impessoais da combustão interna seria mais que suficiente para explicar como o motor funciona. Até aqui, tudo bem. Mas se a pessoa então decidisse que seu entendimento dos princípios do funcionamento do motor tornavam impossível sua crença na existência de um sr. Ford, que foi quem de fato projetou a máquina, isso seria evidentemente falso - na terminologia filosófica ela estaria cometendo um erro de categoria. Se nunca houvesse existido um sr. Ford para projetar os mecanismos, nenhum mecanismo existiria para que a pessoa entendesse.
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3 comentários:

  1. Ainda não sei usar as palavras para descrever o que eu senti quando ouvi o Padre José afirmar que "Deus é o que guarda esse momento".

    Em linhas gerais, vamos supor que exista uma unidade chamada tempo abstraido assim: t1, t2, t3. Vamos supor que também exista uma unidade chamada espaço abstraido assim: s1, s2, s3.

    Vamos supor que um carro da Ford esteja no espaço s1, quando o tempo é t1, e seja s1, quando o tempo é t2, e seja s1 quando t3. Ou seja, o carro está estacionado.

    A pergunta é: como é que o carro consegue ficar estacionado em s1, quando o tempo muda? Que mola é essa que empurra o tempo de t1 para t2?

    Isso é difícil de entender, de expressar em palavras. Por isso, eu devo muito ao professor Milton Bins, ao Dr Esio, à Srta Nihil, ao Amaral, se hoje consigo escrever pelo menos dois parágrafos.

    Mas, mudando de assunto, Sr Robson, como é que você conseguiu colocar o seu nome no final da sua mensagem?

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  2. Olá Hosaka (e olá pessoal),

    Já que você descobriu como assinar suas mensagens, podemos pular esta parte.

    Quanto ao tempo, uma das definições que vi é que ele apenas é aquilo que perdemos quando pensamos no que ele é (esta frase não é minha, mas me parece muito boa).

    Mas como é que podemos perdê-lo se não o tomaram e nem o damos, emprestamos, alugamos ou de qualquer maneira dispomos enquanto pensamos nele? Como pode ele ser perdido enquanto apenas pensamos?

    Esta aparente dificuldade de defini-lo pode ser decorrente do nosso antiquíssimo costume de complicar qualquer coisa, a ponto de fazermos tempestades mesmo em gotas d’água.

    Sou de opinião que Deus fez o mundo mecanicamente simples e não quanticamente caótico, de modo a nos permitir compreendê-lo e dominá-lo em vez de ficarmos eternamente perdidos na incerteza, na indeterminação e na relatividade, que é o destino cruel a que relevante parcela da comunidade científica nos condena atualmente.

    Em função disto procuro ver as coisas apenas em essência, de modo a despi-las de todos os paradigmas e convenções que podem estar nos tirando o foco.

    Assim, da maneira mais simples que consigo vê-lo, o tempo me parece ser a duração da existência de algo, seja este algo uma estrutura, evento ou abstração. Em função desta sua natureza especial, aparenta-me que nada é necessário para que o tempo se passe, apenas que algo exista.

    Deste modo, ao apenas pensar (e até sem pensar), gastamos existência, gastamos duração, gastamos tempo, o qual passa mesmo que nada se passe, apenas exista. Por isso não é necessário que nada aconteça para que o tempo passe com o Ford estacionado por um éon inteiro, apenas que algo exista.

    Em relação às definições decorrentes da teoria da relatividade e outras complicadíssimas hipóteses, prefiro não comentar neste texto. Mas adianto que me parecem menos plausíveis que Papai Noel.

    Pois fica estranho demais acreditamos em Deus (absoluto) e também na relatividade, na lei de causa e efeito (determinística) e no acaso governando quanticamente o mundo. Não se pode ter omeletes e todos os ovos inteiros, ou uma coisa ou outra.

    Eu humildemente prefiro crer em Deus, apesar de considerar que esta não seja efetivamente uma crença e sim uma conclusão da qual não consigo fugir por uma questão de lógica, por mais que tenha tentado.

    []

    Robson
    Paz e Felicidade a todos

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  3. Quanta modéstia,sr.Hosaka.
    Eu que "devo" a vcs a melhoria da minhas dissertações.
    Convosco(todos) aprendi a revisar meus textos.
    Antes,eu mandava as primeiras palavras.
    Ficavam confusas,às vezes, contraditórias.

    Gd e blogs me ensinaram,que nem só de versos,vive a escrita.
    Minha "lírica redacional" anda "despontando".
    A sua,sr.Hosaka, existe há uns dez anos.

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