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sexta-feira, 1 de julho de 2011

De perto ninguém é normal - II

Todos têm um certo grau de transtorno mental




O psiquiatra Cristiano Waihrich Leal, de Joinville, explica que existe uma infinidade de doenças mentais. Elas são divididas em psicoses e neuroses. As psicoses têm sintomas orgânicos. Ouvir vozes e enxergar coisas que não existem são alguns dos sintomas mais comuns. O tratamento é feito à base de remédios. Já no caso das neuroses, os sintomas não são biológicos. Eles podem aparecer a partir de uma personalidade obsessiva. Educação e manias também influenciam. “Neste caso, o tratamento pode ser a terapia”, esclarece o médico.

Ele cita as doenças mentais mais frequentes: depressão, esquizofrenia, transtornos ansiosos como fobias, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada e transtorno afetivo bipolar. No Brasil, são registrados cerca de 56 mil casos de doenças mentais por ano.

Não existe um único motivo que desencadeie um transtorno mental. “A maioria das doenças psiquiátricas é multifatorial, ou seja, desencadeada por fatores genéticos, fatores ambientais, como o estresse, e fatores biológicos, como o desequilíbrio na produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina”, diz.

Cristiano acredita que, geralmente, todos os fatores estão presentes. Dependendo da doença, podem ter maior ou menor peso. “Na depressão, pesquisas recentes apontam para 40% de influência genética e 60% de influência ambiental, enquanto no transtorno afetivo bipolar, a genética tem um peso muito grande. Se os dois pais forem bipolares, o filho terá 74% de chance de herdar a doença”, afirma.

O tipo de personalidade da pessoa pode ser fator de proteção ou de agravamento das doenças. Por exemplo: a pessoa muito correta, disciplinada, que chega a ganhar o apelido de obsessiva, tende a desenvolver mais facilmente doenças ansiosas ou depressivas. Os mais tranquilões quanto aos problemas da vida estão mais protegidos de desenvolver doenças. Não é à toa que, hoje em dia, atitudes típicas de pessoas sossegadas estão sendo aplaudidas e incentivadas. Dormir bem, alimentar-se ao menos cinco vezes por dia, relaxar com um banho gostoso ou praticar atividades que despistem o estresse, diariamente podem salvar sua mente.

Os transtornos mentais não escolhem sexo, raça ou idade para atacar. Mas o psiquiatra conta que as primeiras manifestações ocorrem entre os 15 e 20 anos em homens e entre os 25 e 30 anos em mulheres. Os sintomas são físicos e nem sempre detectados por exames de rotina. A esquizofrenia, por exemplo, manifesta-se por meio de delírios, alucinações, alterações afetivas e alterações cognitivas (como atenção, memória e raciocínio). Tudo começa bem devagar e cresce toda vez que a pessoa fecha os olhos e ignora que algo não está bem.

O psiquiatra explica que o start para procurar ajuda é quando os sintomas estão causando mudança no padrão comportamental da pessoa. Isso pode ser identificado por ela mesma ou pela família. “Todos temos algum grau de ansiedade, mas se esta ansiedade começar a causar distúrbios pessoais, familiares ou profissionais, indica que está na hora de buscar ajuda”, diz.

“Dependendo de cada doença, o paciente tende a recair, ou seja, voltar a apresentar os sintomas iniciais, às vezes até em maior intensidade”, comenta Cristiano. Segundo ele, não raro, em doenças mais graves como a esquizofrenia ou a bipolaridade, os pacientes apresentam sintomas de agressividade, inclusive com risco elevado de suicídio em alguns casos. O tratamento, conforme o médico, deve ser feito pelo tempo indicado para cada doença. “Depressão no mínimo um ano. Esquizofrenia e transtorno bipolar deverão ser tratadas ininterruptamente para o resto da vida”, ressalta.

“O transtorno mental se manifesta como algum estágio de sofrimento pessoal”, simplifica Cristiano. “Acredito que todas as pessoas têm um certo grau de transtorno. Mas no momento em que este grau foge do controle e do contexto da sociedade, está na hora de procurar tratamento.”

E por que será que a história de tantas pessoas geniais está relacionada a transtornos mentais? “No transtorno bipolar, a euforia é marcada por momentos de grande criatividade, inspiração e vontade de quebrar regras. Mas chega um ponto em que essas pessoas acabam se atrapalhando”, explica o psiquiatra. Ele lembra a história do pintor Van Gogh, que fez belas obras de arte em seus momentos de euforia, mas num dos momentos de depressão acabou cometendo suicídio.






(Selma)

4 comentários:

  1. Olá, ao blog.

    Arara!
    O médico em referência disse que "para que a pessoa mantenha a estabilidade, ela precisa comer AO MENOS cinco vezes ao dia!
    Eu pensei que essa ordem era uma atribuição de outros tipos de médicos.
    Que os psiquiatras recomendem a ingestão de carboidratos,e que contem que dietas de emagrecimento não são boas para o caráter- eu posso entender.
    Os carboidratos produzem a serotonina do cérebro- que é o hormônio do humor,e da energia.

    Mas, recomendar comer "dez vezes ao dia"?
    Afinal, nossa vida serve para o que?
    Temos poucas horas no dia,tirando as que passamos dormindo.
    E nas de vigília,temos que petiscar o tempo inteiro.

    Essa é uma necessidade da vida,e ninguém escapa disso.
    O que eu acho curioso,é um médico psiquiatra achar que isso está ótimo.
    Quando essa situação teria que mudar.
    Muitos casos de tristeza,vêm da inadequação no uso do tempo.

    Seria bom se houvesse uma mentalidade popular que induzisse ainda a existir algum alimento transgênico que reduzisse nossas necessidades funcionais e emotivas de nos alimentarmos- a três vezes por dia,no máximo.

    Não é tão bonito imaginar que temos que viver assim- mas essa é mesmo uma necessidade.
    Só não tenho certeza se o médico em referência ainda precisava dizer isso...

    Grande consolo para um depressivo...pior que os depressivos costumam ter mesmo,muita fome, que diminui- quando a depressão deixa de existir-e quando certos fármacos contra a mesma depressão,também deixam de ser tomados.

    º
    º
    º
    Eu falei bastante em meus textos sobre a saúde mental no blog azul- que a sociedade passou por uma melhoria- ao começar a poder tratar os loucos,fora dos muros dos manicômios.
    Agora,os maluquetes todos,do mais leve- tipo um deprimido,aos mais sérios, como os esquizofrênicos, tomam remédios em suas casas mesmo- e tentam conciliar sua rotina pessoal,com o tratamento,- como fazem todos os tipos de doentes.

    Os manicômios são reservados para casos mais graves, onde os pacientes podem ter mais de duas doenças mentais sérias,- sem a possibilidade de se gerenciarem a si próprios- ou são extensões das penitenciárias- e recebem os psicopatas diagnosticados como tais.

    Mas, em minha opinião, a medicação dos pacientes de transtornos mentais,ainda terá muito a melhorar,pois parte deles,inviabiliza a vida do doente,-

    Fica entendido assim, que qualquer um que seja possuidor de um transtorno qualquer- precisa ter uma família, se vai fazer o tratamento.
    Se essa pessoa for sozinha,essa terapia terá que ser adiada,trocada várias vezes,ou nem vai ocorrer.
    Isso porque alguns remédios produzem efeitos colaterais,que fazem a pessoa ficar ainda mais dependente do ambiente.
    Alguém que tem que ficar tomando antidepressivos,dependendo do tipo de depressão que tem, irá perder o emprego,e dificilmente irá recuperar o emprego depois.

    Vai passar o tempo dormindo.

    E quem vai pagar suas despesas,ou mesmo- cuidar da sua casa?
    Uma mãe de família pobre- tem que adiar bastante essas terapias.
    Pois só tem ela para cuidar dos filhos.
    E se ainda pensarmos em como as separações de casal ficaram comuns,e em como tem mães que são sozinhas realmente,em suas vidas.

    O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,é visto como doença de criança.
    Não é.
    É uma doença de nascença- e que acompanha o paciente por toda a vida.
    O recurso que um doente desse tipo tem para não ser tiranizado demais pelos remédios- é tomar o medicamento a cada ano e meio.
    E atualmente, já começa a despontar a existência do recurso da interação eletrônica.

    Mas por que o tdah é visto como "doença de criança"?
    Porque também os remédios para atenuar o distúrbio, fazem a criatura precisar dos outros.
    Tem vários remédios que são incompatíveis,e a ritalina- se diz- causa psicopatia em quem já tinha uma tendência para a depressão.
    Ou seja,eu não posso tomar.


    Não sei o que a classe médica pensa que as pessoas são...





    (continuarei no próximo texto)

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  2. Melhorando uma parte no texto.

    O tdah é visto como "doença de criança"-mas não é doença de criança.
    É uma doença que atazana a vida da pessoa desde a infância,e que atualmente,ainda não pode ser curada.
    Não é como um tipo de astigmatismo que pode existir quando se é pequeno,e que passa,aos dezoito anos,com o uso de óculos corretos.

    Algumas jovens, que,em minha adolescência,fizeram uso do ritalina,tiveram que parar a medicação,porque começaram a bater nos amigos.
    Alguém já pensou em mim, chegando no serviço, ficando com raiva dele,e começando a gritar com o mesmo?

    Então- embora o tratamento para "dda" ou "tdah" seja menos difícil do que o tratamento da depressão, ainda assim tem o risco de complicar a vida de quem tem responsabilidades.
    O que facilita mais,é o tratamento de crianças nessa situação.

    As dificuldades mencionadas podem ser alguns dos bons motivos por detrás da baixa procura por tratamentos psiquiátricos entre os mais novos,- pois apesar de todo o barulho que essas histórias fazem- a ida constante a certos consultórios médicos,nos faz constatar que esse barulho todo tem sido feito por uma porcentagem bem pequena de uma grande população de possíveis pacientes de transtornos neurológicos,ou psiquiátricos.

    O que me parece algo cínico,é pensar que todo aquele que procura esses tratamento,é porque está querendo trabalhar melhor,estudar melhor, se relacionar melhor com as pessoas.

    Mas as terapias podem inviabilizar a vida desses bem intencionados,e deixá-los trancados em casa, que acaba funcionando como um antigo hospício,então,quanto a essa questão.

    Se falarem que depois- existirão os benefícios- de todo modo é bom lembrar que muito do que pode ser perdido enquanto se faz a terapia,não será recuperado depois.
    E no caso de elementos que tem que se cuidar nessa parte a vida inteira,
    a situação fica mais enrolada.

    Eu não estou fazendo uma campanha anti-remédios,nem nada,e acho que se ao menos existe uma suspeita de solução para certas situações,essa solução deve ser procurada.

    Mas, então a criatura não poderá ter vergonha de trocar os remédios que ela toma,quantas vezes for preciso,e de procurar sempre outras alternativas.

    Se puder contar com a ajuda da família,melhor.
    Mas,se justamente,a família depender mais do paciente,do que ele depende dela,então ainda maior autoresponsabilidade nessa parte deve ser praticada.

    Tem gente que troca os antidepressivos por ginástica,e passeios no bosque,com algum resultado.
    Que procura ir trocando seus pensamentos ruins,por bons, - e nesse caso,ela -a depressão- é curada mais devagar do que o seria com remédios.

    Mas,no fim, se houver resultado,será o mesmo.

    Tudo irá depender de quem for o paciente.
    Se ele sente que irá ter apoio do ambiente, e que ele tem alguma estrutura pessoal para viver certos dramas, sem remédios,e encarar certos momentos ruins,como passageiros,ótimo.
    Caso contrário, terá que ir atrás dos médicos.

    E terá que tomar o cuidado para não ficar refém deles...

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  3. Melhorando uma parte do texto anterior-

    Alguém já pensou se eu tomar ritalina, chegar no serviço,invocar com o chefe,e começar a brigar com ele,chegando ao ponto da agressão?
    E passar a agir assim na rua,e em todas as situações nas quais eu for contrariada?
    Em breve,eu estaria mesmo,é na rua da amargura...

    ...e por isso, que mesmo algo menos deletério do que a depressão- que é o tdah- é mais fácil ser tratado em crianças,pois então,se elas tomam certos remédios,podem ficar mais agitadas, mas em situações em que não poderão se prejudicar tanto.]

    Assim mesmo,seres humanos não são cobaias,e crianças também tem todo o direito de se recusar a tomar uma medicação que elas vêem que estão prejudicando suas vidas pessoais,e seus contatos.

    Muitas fazem isso, desde que esses remédios para a acalmia,e para a melhoria da cognição,começaram a ser mais receitados.

    Muita gente da nossa idade, se recusou a tomar esses remédios na infância.
    Mas,não continuou a terapia.
    Atualmente, os médicos falariam algo como:

    "_vcs tem o dever de ao menos, pedirem a troca do medicamento...pois há mais alternativas farmacêuticas,atualmente".

    Etc.

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  4. Vou falar no Van Gogh.

    Eu não gostava das pinturas dele,até assistir um programa na TV Cultura de São Paulo onde eu vi seus melodramas,seus namoros mal sucedidos, a história de quando ele cortou um pedaço de sua orelha,num surto que ele teve, e onde eu escutei suas cartas para o irmão Theobaldo.

    Que são melhores do que os quadros dele...que começaram a me parecer bonitos,depois das cartas.

    Foi o primeiro homem de que eu soube,que fez uma campanha anti-tabagismo,quando pintou o quadro de uma caveira fumante.

    E que poderia ter vivido mais,se não tivesse tido acesso a uma arma de fogo.

    Seu legado atual seria maior.

    Ele ia pintar a guerra,com certeza.( a primeira guerra mundial)
    Ia ficar amigo de alguns pintores brasileiros do modernismo.

    E ia ter uma surpresa

    a partir dos quarenta e dois ou dos quarenta e três anos de idade,mais ou menos,seus surtos psicóticos iam diminuir.

    Pois o que parece,é que o período mais sério de certas doenças mentais,é antes da meia idade.


    Grandes girassóis de Van Gogh, ...encerro meus textos aqui,e tentarei postá-los,mais acima.

    Bom dia,dra Selma, bom dia e bom final de semana a nós todos.

    ººººººººººººººººººººººººººººº

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