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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Extremismo Religioso

A iraniana Mina Ahadi mora há 14 anos na  Alemanha. Criou o Conselho de Ex-Muçulmanos, entidade de apóia as pessoas que abdicaram da fé islâmica, e a partir de então passou a receber  ameaças de morte.
Renunciar ao Islã é considerado ente os muçulmanos uma ofensa grave, punível com pena de morte em países como o Irã.
O texto abaixo é um resumo de sua entrevista nas páginas amarelas da Veja 2202.


 Mina foi uma das pessoas que mais lutaram  para que Sakineh Ashtiani (acusada de adultério e mais tarde, de participação da morte do marido) não fosse executada por apedrejamento.  Provavelmente Sakineh está a salvo da morte por apedrejamento, devido à repercussão do caso,  e Ahmadinejad precisará de outra vítima para demonstrar seu poder.

Segundo ela, medidas recentes apontam para uma “talibanização” do Irã, como a reforma curricular destinada a “livrar os estudantes da influência ocidental” e a proibição do uso de determinadas roupas e acessórios.
O Irã é um país muito instável e seus governantes estão perigosamente próximos dos mulás dos anos 80. Desde as manifestações de 2009 e  a morte de Neda*   o governo aumentou a pressão sobre os estudantes, as mulheres e os trabalhadores. Ele sabe que qualquer fagulha pode desencadear um incêndio. A derrubada do regime de Bem  Ali  ( o ditador Zine El Abidine Bem Ali) na Tunísia deve fazer com que as medidas de repressão se intensifiquem ainda mais. As execuções, por exemplo, estão aumentado de maneira assustadora. E vêm sendo conduzidas de uma forma que fazia tempo que não se via.  Os nomes dos executados voltaram a ser publicados nos jornais oficiais.
As execuções por acusação de envolvimento com drogas têm sido muito freqüentes.  Há duas semanas um jovem de 23 anos foi morto por portar 50 gramas de heroína. No início  do mês, outro jovem, acusado de esfaquear um amigo em outubro do ano passado, recebeu 50 chibatadas. No dia  seguinte, 5 de janeiro, ele foi enforcado em praça pública,  Isso se passou no Teerã, e não numa vila longínqua.



Fazia tempo que não ocorriam execuções públicas no Teerã. Trata-se, claramente, de uma nova  tática do regime para infundir terror na população.  As prisões estão lotadas e há crianças e adolescentes aguardando os 18 anos para ser executados.

As famílias dos condenados preferem que os culpados sejam executados a intervir a favor deles, o que seria vergonhoso, uma desonra.

Uma execução de apedrejamento acontece geralmente ao amanhecer. A pessoa condenada tem as mãos amaradas nas costas e é envolta em uma mortalha branca. Fica totalmente embrulhada nesse pano, o rosto também. Então é colocada em pé num buraco fundo e coberta de terra até o peito, no caso das mulheres e até a cintura, no caso dos homens. Dependendo da condenação, é o juiz quem atira a primeira pedra. Mas pode ser também uma das testemunhas. Se a vítima é uma mulher sentenciada por adultério, por exemplo, tanto o seu marido quanto a família  dele podem lançar a s primeiras pedras. A lei diz que elas têm que ser grandes o suficiente para machucar a vítima, mas não para matá-la no primeiro ou segundo golpe.

Isso pode levar uns 15 minutos ou mais de uma hora. Um médico fica no local para, de tempos em tempo, verificar se o apedrejado ainda está vivo. Até o final dos anos 80  o apedrejamento no Irã era  um ritual público. O horário e o local eram anunciados no rádio, nos jornais e na TV. Qualquer um podia comparecer.  Mas de 100 pessoas já foram mortas dessa forma pelo estado desde 1979 e outras 27 aguardam na fila.




*A estudante Neda Agha Soltan, que, ferida por um tiro disparado por um membro da milícia islâmica, teve a agonia registrada em um vídeo que correu o mundo – se quiser ver o vídeo basta procurar no Youtube colocando o nome completo da estudante. Não vou colocar o vídeo aqui  porque é muito triste.




(Selma)

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