Páginas

terça-feira, 15 de março de 2011

A Ira de Deus

O maior terremoto e a maior tsunami ocorridos na história – e documentados pelas testemunhas da tragédia – não aconteceram no Haiti, no Chile ou na Indonésia. Não aconteceram nem mesmo na década passada. Mas em Portugal, na Lisboa de 1755, metade do século XVIII.

O terremoto – presume-se que tenha ultrapassado 9 na escala Richter – e o maremoto, com ondas de mais de 10 metros de acordo com as testemunhas, foram sentidos em locais extremamente distantes como a Escandinávia, a Suíça, regiões ao sul África e até no Caribe, aqui do outro lado do Atlântico.

As conseqüências não foram apenas físicas. Por causa do terremoto, da tsunami e do incêndio, que vitimaram milhares de lisboetas, especialistas de vários países europeus da época passaram a investigar os fenômenos naturais, o que levou ao desenvolvimento de novas áreas de pesquisa como a sismologia.

Voltaire e Russeau usaram o caso para discutir e questionar as raízes das crenças religiosas católicas e o próprio entendimento do que seria o “castigo divino”, já que a tragédia não poupou ninguém: da nobreza ao clero.
E ainda: por causa da tragédia o rei D. José concedeu ainda mais poderes ao marquês de Pombal. Para garantir a rápida reconstrução de Lisboa, um dos decretos exigiu maior arrecadação de impostos e aumento na produção de ouro e diamantes no Brasil, principalmente na província de Minas Gerais. Por causa da insatisfação popular e da elite comercial de Vila Rica/Ouro Preto surgiram vários movimentos pró-independência do Brasil, entre eles a famosa Inconfidência Mineira.

O historiador britânico Edward Paice, compilou tudo o que se publicou sobre o terremoto de Lisboa, do século XVIII para cá, e publicou no livro “A Ira de Deus”, lançado há pouco no Brasil.



Livro “A Ira de Deus”





(Selma)

2 comentários:

  1. Boa matéria de História, eu não sabia dessa correlação entre a Inconfidência e o desastre em Portugal, valeu!

    ResponderExcluir
  2. Os terremotos são mais poderosos do que sabemos...(fiuuuu...)

    ResponderExcluir