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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ecos longínquos- por mala nihil

Nâo se surpreendam.

 O título acima, será uma continuação da série nostálgica, iniciada em "canções de um mundo distante". Será uma opção intermediária entre tripitakas e turbilhões. Um "seriado" em que misturarei sentimentos antigos, religiosidade e psicologia.

Em menina, tive um pesadelo com mestre Nagarjuna. Bem,nunca vou saber quem era de verdade, aquele monstro com quem eu falei.(fiuuuuuuu...espero que ele tenha gostado do elogio)

NO dia seguinte, meu eterno interesse por todas as questões que regem a mente e sua saúde, começou. Tantos anos depois, fui saber que sri Nagarjuna foi o primeiro "psicanalista" que teve no mundo.

Tateando na estante de casa, encontrei um livro de histórias de malucos. Que viveram num tempo em que os depressivos ainda eram tratados com choques elétricos aplicados na cabeça.

O primeiro dos contos que eu li foi "Gigantes de Papel".

John Smith havia sido um piloto de caças aéreos, na segunda guerra mundial, e sofreu um severo acidente com o crânio,nessa ocasião.
Ficou entre a vida e a morte,mas se recuperou.
A guerra acabou, ele se casou, e constituiu familia.
Tempos depois, esse homem, que era um exemplo de pessoa - começou a manifestar sintomas que hoje em dia, pela nomenclatura médica, são atribuidos ao transtorno de bipolaridade.
Numa das suas fases de depressão, ele maltratou  a esposa, e depois desse dia, inernou-se por conta própria, num hospício.

Ele descreveu criteriosamente a vida num manicômio antigo, falou dos eletrochoques que levou, dos remédios que tomou.
Anos depois, ele voltou para casa- aparentemente recuperado. Só precisaria continuar fazendo uso de alguns remédios fortes.

Passou a se interessar por questões relacionadas à saúde mental, e escreveu o romance "Gigantes de Papel"- do qual o conto que eu li, foi um resumo.

Eu fiquei muito interessada nessa história de loucos que se recuperam.

E na chance de pessoas muito perturbadas ,ou com conduta anti-social terem autocrítica, e desejarem se modificar- o que em geral, não costuma acontecer.


Suponho que os processos de socialização a ocorrerem no mundo continuamente, algum dia, irão dar a todas as pessoas, de todos os matizes, esse senso salvador de autocrítica, o que por sua vez, irá nos dar um novo futuro.


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Anos depois, eu fiquei sabendo de um louco bem mais antigo que teve também,autocrítica.
Sei que uma vida em que todos sejam tão realistas assim- ainda pertence à terra da utopia.

Um comentário:

  1. Suponho que o título "Gigantes de Papel" foi um nome intuitivo em que o autor pensou,que traduz a teofania, e o estado de superego em que vivem os loucos.

    Eles se vêem como tipos grandiosos, e não raro- sofrem de uma desvastadora síndrome paranóide. Tem um contato frágil com a realidade das pessoas que eles realmente são.

    Loucos também se comportam como gigantes ou como tigres de papel, devido aos intensos sintomas de raiva.

    Podemos observar: mesmo nós que não somos assim- ao ficarmos estressados, temos a sensação nessas horas, que ganhamos mais um metro de altura.

    Mas,quando o estresse passa,sobra o cansaço fisico, o remorso por erros cometidos naquela hora,ou ao contrário- sobra o alivio por termos mantido o autocontrole, e por termos conseguido trabalhar direito,apesar de tudo.

    Isso aí.

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